quarta-feira, agosto 09, 2006

O efeito Ana Rute

Ser mulher não é fácil, principalmente no que diz respeito a arranjar emprego. A coisa fica ainda mais preta se o emprego em questão for numa área tipicamente masculina. Pode-se dizer que existe uma selecção nada natural que acaba por impedir que uma mulher arranje um emprego nessas áreas e as arraste para os ditos empregos femininos de administrativa ou outros sem real poder para modificar o rumo seja do que for.

Os nórdicos resolveram o problema há muito tempo implementando cotas. Basicamente exigem que cada empresa, instituto ou afins tenha uma determinada percentagem de mulheres, é a chamada descriminação positiva. Foi uma forma de dar a volta á questão e é certo que resultou, hoje em dia ninguém bate os nórdicos no capitulo da igualdade, (também é certo que ninguém os bate em nada…. Mas pronto).

Eu percebo a medida, até parece justa para repor o equilíbrio, mas não concordo com ela. Porquê?

Primeiro porque não é justo, as pessoas devem subir pela sua competência e apenas por isso.

Depois; porque se por um lado compreendo a frustração de uma mulher a quem perguntam se conhece colegas “gajos” que estejam disponíveis para trabalhar, quando ela está ali desejosa de ocupar esse cargo, tem competência para o fazer mas nem sequer lhe é dada uma chance; por outro também tenho de pensar em mim, eu não gostaria nada que numa entrevista me dissessem, Ah e tal! Você até seria uma das nossas primeiras escolhas para este emprego, mas a lei obriga-nos a colocar uma mulher por isso nada feito. Não seria agradável de ouvir.


Porque é que em pleno século 21 é ainda tão complicado a uma mulher chegar a directora de obra?

A meu ver por 3 motivos

Primeiro porque os portugueses ainda são muito machistas. Eu costumo dizer às minhas amigas que a situação mudou muito em 100 anos e que aos poucos tudo se endireita, mas depois ouvimos opiniões de colegas nossos e ficamos a pensar se realmente estamos no século 21. Além disso, elas não querem que isto se equilibre com o tempo, querem que se equilibre agora… pois….

Depois porque existem algumas mulheres (e não são poucas) para as quais por creme nas mãos é tão ou mais importante como beber água. Este espécimen acaba por estragar um pouco a vida a quem quer de facto trabalhar num emprego decente. São um mau exemplo que mina o caminho para quem quer de facto ser alguém. O pior é que quanto a isto não há nada a fazer.

Depois, porque ao invés do que seria de esperar, as mulheres que conseguiram subir na vida em vez de ajudarem as outras mulheres a entrar no mercado de trabalho ainda lhes dificultam mais a vida. Isto é estranho, ou talvez não, como eu sempre digo, os homens tratam melhor as mulheres do que as mulheres umas ás outras, e se não formos nós a dar-lhes a mão isto não vai lá!

O futuro?

Aquilo que espero é que haja cada vez mais ambientes de trabalho mistos, porque funcionam melhor sobre qualquer parâmetro que quisermos escolher, são mais produtivos, mais alegres e descontraídos. Pela parte que me toca trabalhar só com homens é uma seca terrível!



Este post é dedicado a duas pessoas em particular, a elas eu só posso desejar toda a sorte do mundo e dizer que a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima.

6 comentários:

Ana Paula disse...

Se achas que ser mulher em Portugal é duro, vem para o Japão contar pelos dedos as mulheres que vez na construção civil...e as poucas que existem na área não têm outro remédio senão fical nas Universidades,e isto é claro se não se casarem, e tiverem que desistir da sua carreira para cuidar dos filhos...

E acredita que esta filosofia ainda reina na mente de muitos Homems. Tudo bem se a mulher quer estudar, mas no que diz respeito a após o casamento acabou-se...

Sou mulher e sei melhor que ninguém o que significa ser discriminada, não tenho certeza absoluta que isso alguma vez tenha me feito perder uma oportunidade de emprego face a um colega homem, mas tenho a certeza que esse facto não ajudou... Muito agradeço à única que me estendeu a mão (que por acaso era uma Engenheira mulher) e me permitiu mostrar, ainda que por pouco tempo o que valia...

Isto para dizer que a discriminação existe em todo lado, há que lutar contra ela...e nunca esqueças que eventualmente um dia estarás na posição de contratar alguém, a decisão caberá somente a ti...quebrar o ciclo vicioso também depende de nós...

Beijocas

PS: "efeito Ana Rute" ? :)

antonio_subtil disse...

Não me digas que não percebeste a piada?
Tens estado no japão, mas não digo que é uma "private joke" porque se te esforçares chegas lá

Mas diz-me ai no japão não existem engenheiras?

beijinhos

Anónimo disse...

Ouve la! Eu percebi a piada so achei engracado a escolha do titulo, sim e talvez por causa de uma minoria (ou talvez nao) que ter as maos hidratadas e bem mais importante do estar com atencao a uma apresentacao, que o resto da populacao femenina no sector da construcao civil esta nas ruas da amargura...o importante e nao desistir, quando se fecha uma porta abre-se sempre uma janela...Ser perserverante e o segredo para atingirmos aquilo que queremos...

antonio_subtil disse...

Colocar, fazer post´s para o blog dá-me imenso prazer, tenho cuidado com a escrita, procuro as palavras certas tento não dar erros (infelizmente acontecem). Tento imprimir emoções, humor, tristeza, indignação. Mas em particular, a escolha do titulo é muito importante, eu orgulho-me muito dos titulos que dou e modéstia á parte alguns são soberbos! de tão subtis que são...

tens razão, nunca desistir, nunca nos resignarmos... é esse o caminho para este caso em particular e para a vida no geral!

Anónimo disse...

Este titulo não é subtil, mas sim Subtil. (muito bom jogo de palavras!)

PM

centrípeta disse...

"eu orgulho-me muito dos títulos que dou e modéstia à parte alguns são soberbos! de tão subtis que são..."

É verdade sim, senhor!!

Como se diz na gíria comum, tu não dás ponto sem nó... :)

Vê lá tu que eu percebi logo quem era a Ana Rute!! E não foi minha colega...


**tua m*

 
Free counter and web stats