sexta-feira, abril 08, 2011

Questões (a crise parte III)




O expresso é o meu jornal de eleição, não só trás notícias de fundo como excelentes entrevistas e artigos de opinião. Ultimamente atraiçoou-me e começou a escrever numa língua esquisita, mas tudo bem, posso viver com isso.

Na edição passada vinha uma entrevista ao coordenador do PISA*, Andreas Schleicher, que falava sobre a evolução do nosso sistema de ensino. Dessa entrevista sobressaíram-me duas frases que considero importantes.


Os melhores sistemas são os que têm taxas de insucesso mais baixas. O que acontece com os chumbos é o professor pedir ao colega que lide com o problema que ele não resolveu nesse ano.

…. São precisas melhores práticas de diagnóstico, perceber as necessidades e definir estratégias. Fazer igual durante mais um ano não resolve se antes se falhou.


Não é sobre ensino que quero falar. Ontem, enquanto rebolava na cama sem conseguir dormir ocorreu-me que grande parte dos nossos problemas residem na nossa incapacidade de fazer as perguntas certas, tão ou mais importante que encontrar respostas é saber perguntar. Lembrei-me destas frases que são sintomáticas da nossa realidade.

O FMI está ai, e vem porque temos défice excessivo e divida gigante. Mas alto ai! Esta situação não é nova, o FMI já cá esteve antes, esta já é a terceira vez que temos direito a este incómodo hóspede, é só a mim que isto faz espécie? É importante resolver o problema da dívida mas mais importante ainda é perguntar-nos porque é que temos uma divida tão alta? E pior, porque é que é a terceira vez que isto acontece em apenas 30anos?

É um pouco como as SCUT´s, a questão não é se deviam ser pagas, até porque de uma forma ou de outra elas são pagas, o que nos deveríamos perguntar é se devíamos construir mais estradas? Precisamos delas? Para quê?

No fundo os nossos dirigentes nunca resolvem nada, empurram sempre para o ano seguinte e depois para o ano seguinte e eventualmente já não estão no governo e deixa de ser problema deles, quando o que deveriam fazer era encontrar soluções para resolver um problema que será sempre maior no ano seguinte, mais que não seja porque um ano passou e perdeu-se.

Agora fixemo-nos na expressão “terceira vez” esta é a terceira vez que o FMI cá vem, e vem aplicar as mesmas soluções que já tinha aplicado das outras duas vezes, ora como dito em cima, “Fazer igual durante mais um ano não resolve se antes se falhou,” e vamos concordar que falhou pois o barco está a meter água. E se o barco mete água chamar mais gente para ajudar com os baldes não é uma solução inteligente, temos que perceber porque é que o barco mete água. Pode não ser uma pergunta de fácil resposta, mas sem ela é certo que o barco voltará a meter água, isto se não afundar…

Quer-se pensamento divergente.

*Pisa (Programme for International Student Assessmen)

Conspirações (A crise parte II)

Apesar de ser um pantomineiro da pior espécie Sócrates ainda diz algumas coisas acertadas, e uma delas é que Portugal tem sido atacado por especuladores, Louçã vai ainda mais longe e usa a expressão agiotagem. De facto, apesar de todos os problemas que temos, como viver acima das nossas possibilidades e gastar dinheiro muito mal gasto, as empresas de rating não tem facilitado as coisas, e é bem de ver que por esse mundo fora existem países e até estados americanos bem piores que nós.

A união europeia mostrou que pode ser europeia mas não é uma união, e em vez de defender os países como um todo está a deixá-los cair um a um.

E percebe-se porquê, Francisco Louça (o tal da Agiotagem) mostrou um gráfico muito interessante em que mostrava o total de divida grega, irlandesa e portuguesa e os países a quem deviam… e quem são? Alemanha, França, Inglaterra e Espanha, (que terá um valor elevado graças a Portugal). Não é preciso ser um teórico da conspiração para encontrar aqui algo que não bate certo, ou melhor, bate certo até demais, e ajuda a perceber porque é que as agências de rating nos pressionam e os ditos mercados nos empurram mais contra a parede e a Ângela não parece querer salvar-nos, é que com a entrada do FMI, acima de tudo, o que fica garantido é que a dívida é paga aos credores, e um dos credores é a Ângela, por isso está tudo bem, pouco importa se ficamos na pobreza durante uma década pois o dinheirinho volta para os bancos alemães.

Claro que não podemos esquecer os problemas que criámos nós mesmos. Os políticos portugueses, governo e oposição também colaboraram, e muito, para o actual estado de coisas, e fazem-no porque sabem que são inimputáveis e quando saem do poder já amealharam o suficiente para não terem chatices.

A dívida monstruosa, os políticos que tapam um buraco com a terra de outro maior que escavam ali à frente, os gastos faraónicos em obras duvidosas, os quilómetros de auto estradas vazias os gastos com o estado de mil e um institutos que servem para nada (como o instituto para a implementação das novas tecnologias de informação na justiça) WTF???????? Nada disto é culpa da Ângela. É só nossa…

Em suma, se não queremos ter problemas com agiotas não lhes peçamos empréstimos. Eu, se ganhar 100 não vou gastar 100, gasto só 80, Portugal ganhava 100 e gastava 120, só podia dar asneira não é?

Pode ser, que estes anos de travessia no deserto sirvam para alguma coisa, pode ser que as pessoas acreditem que não precisam de tantos bens materiais para serem felizes. Agora com pouco dinheiro teremos de aprender a fazer escolhas racionais e gastar apenas onde é preciso. Se já tenho 15 pares de sapatos não preciso de um 16º e por ai adiante, como já o fiz aqui volto a citar Jorge palma, “reduz as necessidades se queres passar bem”.

e citando também Margareth tatcher "o socialismo é bom até se acabar o dinheiro dos outros...."

Eu gostaria de acreditar que sim.

Mentir é feio (a Crise parte I)


O FMI vem aí!!!!!!! Fujam todos!!!!!!! ele é grande e verde, mau e feio tem dentes grandes e podres morde-nos e ficamos infectados!!!!

Confesso que gostei de ver o primeiro-ministro a anunciar a vinda do FMI, não que tenha algum prazer mórbido na vinda do Fundo monetário Internacional pois bem sei o que isso significa, gostei sim que tivesse sido ele a fazê-lo.

Eu sou daqueles que acreditam que Sócrates fez de propósito para ser demitido, ele sabia as contas do orçamento, ele sabia que o financiamento estava por um fio e as taxas de juro não iam diminuir. Sócrates sabia que tinha de pedir ajuda ao FMI o que lhe iria dar a machadada final na sua encenação do líder que tudo fez para o evitar, era um golpe no ego e ele tem-no bem grande… Assim, maquiavélico como é fez de propósito ao não avisar o PR, a assembleia da republica e os partidos da oposição, o que foi visto como uma falta de respeito foi um Tomoe nage bem executado. Acusado por todos, Sócrates teve a desculpa ideal para se demitir no momento ideal para agora se fazer de vítima e dizer que a culpa é dos outros, os maus….

Sendo dono de um orgulho enorme, deve ter sentido horrores em ter de fazer a declaração em frente de todos e pedir “ajuda”.

Mas se fiquei contente com a declaração, ou melhor, com o veículo da declaração, perturba-me algumas das estatísticas que vão aparecendo. Toda a gente sabe que Sócrates é mentiroso, aliás, mais de 70% dos portugueses sabem que Sócrates é mentiroso, no entanto este ainda possui hipóteses de ser eleito. Destas premissas resulta que existe muita gente que não considera a mentira como um forte motivo para não votar num político.

Para além de Sócrates e do FMI se calhar nós também fazemos parte do problema….

Ps, achei engraçado descrever o FMI como um dragão de Komodo, mas coitado do bicho não merece, diga-se também que o que mata não são os dentes mas o cocktail de bactérias que tem na boca, que não tendo tratamento conhecido acaba por matar a vítima por septicemia.

 
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