sexta-feira, outubro 15, 2010

terça-feira, outubro 12, 2010

A inevitabilidade da queda



Tinha prometido a mim mesmo que não iria fazer grande comentários acerca do meu último destino de férias e ainda mais iria resistir a fazer comparações entre os dois países. Até me estava a portar bem, mas entretanto os nossos políticos andam ao rubro e com orçamentos pelo meio não sou capaz de não meter a minha colher…

Portugal está mal, mas o que mais me aflige é que os problemas que tem não são propriamente uma novidade nos 800 anos da sua história. Temos os cofres vazios e gastamos mais do que aquilo que produzimos originando uma dívida externa gigante. Nada disto é surpresa para o rectângulo. Desde os descobrimentos que temos passado por altos e baixos ora descobrindo riquezas ora desbaratando tudo para voltarmos à pobreza. Após o 25 de Abril e perante um novo período complicado fomos salvos pelo FMI, antes que fosse preciso nova intervenção apareceu a CEE para nos injectar de fundos, e agora o que vamos desencantar para resolver a nossa situação? Mais interessante do que a forma como vamos sair do buraco, se sairmos… é tentar entender porque é que isto nos acontece. É algo que me intrigou desde há vários anos, isto porque no fundo o português é uma mistura de povos ibéricos, europeus árabes, judeus, africanos e mais uma misturada de nacionalidades cada uma com as suas características. Perante tanta mistura como é possível que em 800 anos continuemos a ter os mesmos defeitos??

Após conversas com amigos e alguma literatura lida chego a 2 conclusões, os culpados são a religião e o clima.

1 Religião, somos cristãos católicos romanos, com todas as vantagens e desvantagens que isso implica, sem querer entrar por juízos de valores pois qualquer religião tem as suas coisas boas e más, mas em 800 anos muitas são as marcas que deixou na nossa personalidade, uma em particular é responsável pelo sentimento de impunidade presente em tantas pessoas e que leva a que não paguem impostos e roubem o estado, estado esse também infectado por um sem número de pessoas que aliam sentido de impunidade ao poder, mistura explosiva!

Alguns especialistas pensam que no fundo tudo isto advêm do facto de que na nossa religião tudo é permitido pois Deus perdoa sempre no fim, não interessa se matei ou roubei ou cometi adultério, mais ou menos grave rezando e cometendo penitencia Deus irá sempre perdoar. Os primos não podem casar, é pecado, comer carne na sexta-feira santa é pecado, mas perante o respectivo pagamento tudo é possível. Se compararmos com as religiões protestantes verificamos uma postura diferente em que o indivíduo irá sempre ser julgado pela entidade superior quando chegar a altura. Talvez isso ajude a explicar a grande diferença de comportamento entre nós e os povos do Norte.

Um exemplo, na Noruega foi descoberto que uma deputada tinha gasto 500 euros em telefone (do estado), instada sobre a ocorrência, a deputada explicou que estava com problemas como namorado e teve de usar o telefone. A explicação não foi aceite e a sra deputada foi demitida. Comparemos agora com o comportamento do nosso primeiro…

2 O clima! Costumo dizer que o melhor que Portugal tem é o seu sol, é único na Europa e como está inacessível continua a trabalhar em pleno, pois se nós lhe conseguíssemos deitar a mão, de certeza que já tínhamos endrominado tudo.

Mas isto é só um aparte comparemos o nosso clima com o da Noruega. Grande parte do País está acima do ciclo polar Árctico, o que implica períodos de escuridão absoluta alternados com outros de total luminosidade. Na zona mais a norte existem ainda zonas de permafrost (zonas onde o solo está permanentemente congelado), o país é maioritariamente rochoso com pouco sol arável. Simplificando um pouco, a agricultura é escassa e os animais que se aguentam são renas e ovelhas, estas últimas mais no sul.

E onde é que entra o clima na nossa equação?

Entra em 2 factores, primeiro, nós tomámos o sol como dado adquirido, o sol e tudo o que ele origina, bom clima para as culturas, condições mais prósperas para viver e em segundo lugar porque nos permite não depender da comunidade em exclusivo.

Isto é impensável na Noruega, quando chega a Março e Portugal entra numa bela primavera eles continuam com um inverno rigoroso e sobrevivem porque quando o tempo esteve bom amealharam para as más alturas, em Portugal quando as coisas correm bem, desatamos a gastar o que temos sem pensar nos maus dias que poderão vir. Do mesmo modo, quando no norte da Noruega o termómetro marca 40 negativos todos os seus habitantes estão junto em comunidade porque precisam de todos para sobreviver, por isso todos contribuem para a comunidade das mais diversas maneiras como por exemplo pagando os impostos!

Vale a pena comparar com o nosso País?

E poderemos mudar as coisas um dia?

mendigo de fato


Não é fácil falar mal daquilo que gostamos, por isso tenho reservado poucas linhas ao Sporting Clube de Portugal, mas as ultimas duas notícias deixaram-me perplexo.

O presidente José Eduardo Bettencourt vai auferir um ordenado mensal de 21 mil euros. Nada contra se o Sporting fosse campeão, se jogasse bem se ganhasse… O problema é que nada disso se passa, nunca a equipa jogou tão mal, teve tão maus jogadores, maus treinadores e tão abaixo da tabela esteve. Receber um ordenado deste calibre é coisa que não se percebe, e num clube com os cofres vazios é mesmo um crime.

A outra notícia entra directamente para o anedotário do futebol português, ao que parece agora em Alvalade só de fatinho… nada de calções e havaianas e roupa desportiva também não pode ser, imagine-se! Um funcionário de uma instituição desportiva ir vestido para o trabalho com...

Roupa desportiva!

Tudo isto é ridículo de mais. Diz o presidente, o tal dos 21500€, que o vestuário deve reflectir os valores do clube. Confesso não perceber muito que valores são esses, mas vestidos de rico, com uma equipa miserável e resultados piores o meu Sporting cada vez se parece mais com a república Portuguesa, o que não é necessariamente bom…

domingo, setembro 05, 2010

Uma história triste




O meu prédio é uma mini cidade, tem 61 apartamentos, se cada apartamento tiver uma família de 3 pessoas estamos a falar de aproximadamente 100 pessoas. 100 Pessoas em corrupio a entrar e sair a qualquer hora do dia. Daqui resulta que fazer o trajecto do estacionamento até casa sem encontrar algum vizinho algo quase impossível. Alguns vizinhos vejo mais vezes que outros, outros raramente aparecem e volta e meia aparece gente que nunca vi no prédio.

Numa centena de pessoas há gente para todos os gostos e feitios, temos o motard simpático que até agora foi o único a bater à porta chateado connosco, que isto de receber os amigos é giro e tal mas karaoke às 2 da manha já passa dos limites, um policia e um agente de viagens que está quase sempre fora. Há também uma senhora bastante forte com quem eu não gosto de andar de elevador pois tenho medo que ele não arranque com o peso, não que a senhora seja assim tão gorda mas a balança do elevador está avariada e poderia criar uma situação confrangedora para ela.

Um edifício de 10 andares está cheio de personalidades, o tipo antipático de barba ou com poucas “social skills”, e claro a maluquinha do 4 andar, de quem eu literalmente fujo pois sei que uma conversa casual se arrastaria durante horas com um sentido muito nonsense, a velhinha do 8C e claro, a porteira que tem todas as chaves e abre as portas de cada apartamento ao senhor da EDP para contar a luz. Certamente que pensará que nós somos uns desarrumados, mas entre trabalho e diversão existe um sentimento de não viver para a casa que nos leva a descontrair, e acordar tarde se nos apetecer e viver bem com isso….

Sábado passado decidimos acordar mais cedo do que o costume para passear de bicicleta, ao sair do prédio reparei num lençol estendido no chão. A fita separadora, os carros da polícia e as manchas de sangue no passeio não deixavam enganar ninguém, o lençol tapava um corpo. Mais tarde ficamos a saber que o corpo pertencia à velhinha do 8C. Vivia sozinha e por isso dizer que caiu ou que saltou é especular, quem viu ainda estava em choque e tentava encontrar explicações mas também ninguém a conhecia muito bem. E que explicações encontrar como entender que tanta gente lute com unhas e dentes para se agarrar à vida e outras a descartem como algo sem valor, é uma peça que por mais voltas que se dê não encaixa no puzzle. Eu próprio não consigo ver a sua cara, tenho a certeza que me terei cruzado com ela no elevador algumas vezes, mas a sua expressão está envolta em nevoeiro.

A ironia do mundo moderno, vivemos rodeados de pessoas que conhecemos pior do que uma família na china ou na nova Zelândia. E a velhinha do 8C que vivia rodeada de pessoas estava na realidade sozinha, e assim morreu.

O passeio foi limpo e em poucos dias esquecido… a sua história esquecida.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Por lá ter estado, por ter sentido na pele o que um mineiro sente, por conhecer a pessoa em questão, por ter deixado parte do meu coração em Aljustrel.

O autor deste blog gostaria de expressar as mais sinceras condolências à família do mineiro morto nas minas de Aljustrel e lamentar que se continue a atirar jovens para o fundo da mina sem qualquer formação e/ou preparação e se negligencie um dos trabalhos mais difíceis que existe... O ser mineiro...

segunda-feira, agosto 30, 2010

4D




O meu primeiro contacto com o cinema a três dimensões foi há muitos anos atrás era eu ainda uma criança quando a RTP passou o filme o monstro da lagoa negra (filme que data de 1954)!! Lembro-me da polémica em torno do filme e de se ter comprado uns estranhos óculos a 2 cores para poder ver a 3D. Os óculos foram tudo o que vi do filme pois os meus pais mandaram-me para a cama mais cedo…

Hoje 60 anos depois o 3D no cinema é corriqueiro, não vi o monstro da lagoa negra mas com certeza que a qualidade técnica será melhor nos dias que correm, (também era melhor) … tão corriqueiro se tornou que hoje quase tudo é em 3d. Seja um filme de acção uma comédia ou um filme de animação, tudo é em 3D.

Mas o que eu queria mesmo era filmes decentes e parece-me que o 3D veio como uma panaceia para salvar a indústria cinematográfica, é tudo muito eye candy mas pouco sumo.

Tenho 3 problemas com o 3D. Primeiro é mais caro que um cinema normal, segundo temos de colocar uns óculos para podermos ver bem, o que não é nada prático para quem já tem óculos, óculos esses que até há pouco tempo tinham obrigatoriamente de ser comprados sempre que entravamos numa nova sala, hoje já se pode levar de casa, valha-nos isso, e em terceiro o aparecimento do 3D implica muito mais tempo dispendido por mim a tentar encontrar um filme que não seja 3D nem seja dobrado, o que no caso de filmes de animação não está nada fácil.

Como sempre o problema vem da impossibilidade de escolha que me aflige de sobremaneira.

E valerá a pena? Ao ver o filme into de wild the Sean penn chego à conclusão que não. Este filme de 2008 passou um pouco despercebido do público português que como é natural estava entretido com outras películas mais “comerciais” (detesto este titulo…) O filme trata a história verídica de um homem em conflito interior e com a sua família que abandona a sua vida fácil e decide partir para o Alasca onde tenta sobreviver dependendo apenas de si e do que a natureza lhe dava. Com música de Eddie Vedder num registo um pouco diferente dos Pearl Jam é um elogio ao bom cinema, aos bons actores e às bandas sonoras, um filme que nos deixa a pensar…

Com filmes assim quem precisa de 3D?

sexta-feira, agosto 20, 2010

Sinais de fumo



Estas férias fartei-me de andar de avião, 6 voos em 4 companhias aéreas diferentes. Uma das minhas favoritas continua a ser a nossa tap… gosto do atendimento, dos airbus e da comida. Gosto também quando passam nas televisões o mapa que mostra a posição do avião.

Regressava do mundo civilizado de volta a casa dividindo o meu olhar entre a televisão e a janela, na tentativa de perceber onde estava, passei o golfo da biscaia e esperava por um sinal da entrada em Portugal. Minutos depois avistei uma coluna de fumo, depois outra e depois mais outra, não havia dúvidas, já estávamos em Portugal que, como é habitual por esta época do ano anda de labareda em labareda a queimar as florestas que tem, ou isso ou é a malta a fumar os chouriços.

Talvez seja da idade ou devido a algum cansaço mental, mas já não consigo ficar zangado, acelerado, preocupado com o que vejo. Lembro-me de 2003 um ano terrível para a nossa floresta, o ano em que comecei a trabalhar e de um colega vir ter comigo e desabafar que perdera tudo, floresta, gado, tudo, nada tinha sobrado. Não soube responder à altura da informação adquirida. Hoje também não responderia, não porque não saber o que dizer mas porque um sentimento de indiferença me assola cada vez mais.

Não, não sou indiferente, mas para lá caminho, este ano nem me comovi com o geres, o meu querido geres…

Os incêndios de verão são cada vez mais normais, como o bacalhau ou o sol, e acabo por achar que é bem feito! Nós portugueses não merecemos o que temos, pois nem sequer cuidamos decentemente do que é nosso.

Deixa queimar….

segunda-feira, julho 26, 2010

Informação desnecessária III

Com condições óptimas de vento o rugido de um leão é audível a 8 km de distancia.

terça-feira, junho 22, 2010

A máquina (o habitual post sobre o mundial)



Vamos partir do princípio, apenas para este post, que os jogadores da Argentina e de Portugal têm igual qualidade, não é verdade mas vamos só por agora aceitar que é assim.

Gary Kasparov é considerado como o maior jogador de todos os tempos, tem a maior pontuação alcançada por um grande mestre, foi um fenómeno do xadrez e um percurso notável no mundo do xadrez, esse percurso levou-o a defrontar vários computadores jogadores de xadrez inicialmente com sucesso mas perdendo com o super computador deep blue desenvolvido pela IBM.

É importante perceber a abordagem feita pelos computadores ao xadrez. A capacidade de computação é incomensuravelmente maior que aquela de um ser humano, mas isso não chega, calcula-se que para apenas 5 lances existam 600. 000.000.000.000 De possibilidades posicionais. Para fortalecer os computadores na sua capacidade de jogar xadrez existem também heurísticas e bases de dados enormes com registos de milhares de jogos jogados pelos grandes mestres para que os computadores entendam o xadrez. Mesmo assim a sua vitória não é total, perdem muitas vezes com humanos porque continuam a não entender a subjectividade de alguns lances como sacrifícios ou questões posicionais que aparentemente inofensivas se tornam decisivas no decorrer da partida. Ao computador falta emotividade, coração e subjectividade.

Embora o computador deep bleu tenha ganho o encontro com Kasparov também perdeu alguns jogos e existiu muita polémica no 2ºjogo pois o computador demonstrou comportamento humano em algumas jogadas que fez e não deveria ter feito, suspeitou-se que tivesse havido intervenção humana, a IBM não mostrou os logs executados pelo computador e adensou ainda mais a suspeita…

Carlos Queiroz tem um percurso como treinador ligado sobretudo à formação, primeiro nas camadas jovens, depois nos seniores, é aquilo que se pode considerar um teórico bolorento… Não fez nada de jeito no Sporting depois no Real Madrid e depois na selecção. O rapaz só se portou bem no Manchester United porque tinha um lugar secundário e onde se podia dedicar ao estudo e às teorias deixando o trabalho de treinador para o outro que é de facto um Treinador…

Como é habitual em Portugal não se aprende com os erros e lá está ele na Selecção Nacional outra vez com o seu habitual discurso bolorento…

Declaração de interesses…….Convém referir que sendo eu sportinguista não morro de amores pelo actual seleccionador nacional.

Em hemisférios opostos (literalmente) encontramos Maradona que foi um jogador brilhante mas que se perdeu nos meandros da droga e quase se arruinou. Digo quase pois quando parece já estar totalmente coberto de lama faz um regresso mais espectacular que o anterior.

Ninguém dava nada por ele como treinador e quando aos microfones disse alto e bom som “que a chupem” enquanto abanava doentiamente a sua cabeça só pensei…. Tá todo queimado…

É possível que esteja queimado, é até bem provável face ao seu passado recente, mas a verdade é que um treinador não é bom pelas suas características próprias mas pelos resultados que faz os seu jogadores, a sua equipa, atingir. E nesse aspecto Maradona é muito mais treinador que Carlos Queiroz. O futebol é um jogo emotivo, a táctica pode ser a melhor do mundo mas se os jogadores não acreditarem que podem ganhar nada feito. Queiroz é o computador, o teórico que diz ao jogador A que deve estar no ponto X e que isto e aquilo. Maradona é o homem que acirra os seus jogadores e lhes diz para subirem e partirem aquilo tudo, e no fim é isso que importa porque por mais táctica que exista o futebol é acima de tudo um jogo de paixões…

 
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