quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Uma cena das Arábias II


Quem me conhece sabe que eu não sou muito fã dos muçulmanos, de modo geral, mas a verdade é que todos temos a aprender uns com os outros, convém não esquecer que a matemática evoluiu muito graças a eles, numa altura em que dominavam o mundo militarmente e intelectualmente.

Por outro lado também é associado alguma da nossa digamos… inabilidade… ao sangue muçulmano que corre nas nossas veias. Esse sangue vai aquecendo cada vez mais com o que se tem passado aqui no rectângulo, e o governo esse vai atirando mais achas para a fogueira até que um dia irá rebentar.

O iva foi mais uma acha para a fogueira com que o nosso desgoverno nos brindou no inicio do ano.

Numa tentativa de poupar cada vez mais cá em casa, temos estado bastante atentos ao valor dos ivas de cada produto e os resultados dessa observação resultam curiosos, por exemplo, numa ida a um café verificamos que uma bica e um bolo são taxados a 13%, no entanto os cereis do pequeno-almoço são taxados a 23%. A manteiga e a margarina têm iva de 6%, mas a marmelada já tem iva de 23%... E Eu GOSTO de marmelada!!!!!! Depois temos o estranho caso do grão bastardo, o enlatado que sofre um iva de 23, enquanto o seu irmão seco é de apenas 6%

Confesso não perceber como é decidida a taxa de iva a atribuir a cada produto, teoricamente, pensava eu, os produtos de 6% seriam aqueles básicos á sobrevivência mas se olharmos com atenção à conta do supermercado encontramos verdadeiras pérolas do desnorte a que chegamos, pelo que acredito que a taxa de iva é distribuída de forma arbitrária e conforme dá jeito, veja-se o vinho que sendo produto de luxo num pais civilizado cá é de apenas 13%.

Mas pior pior, é o caso do papel higiénico, pensava eu, amador, que sendo um produto essencial á vida fosse taxado com um iva baixo, mas não… o iva do papel higiénico é de 23%! Lembro-me do grão enlatado e penso, será que se podia fazer um papel higiénico mais grosso e que arranhe para termos um iva diferente? Quem quisesse ter o rabinho macio comprava um especial mais caro? Senão, teremos de voltar a aprender com os nossos amigos árabes que não sofrem de problemas com o papel higiénico pois lavam o rabo com a mão esquerda e com auxílio de água.

Uma cena das Arábias I


Por onde as coisas andam quentes é mesmo pelos lados do Egipto e arredores, impulsionados por uma necessidade básica, ou pela falta delas, inspirados pelos seus vizinhos tunisinos milhares de egípcios saem às ruas a pedir a queda do regime. Tenho acompanhado com bastante atenção o que se passa no Egipto via CNN como manda a tradição, e os sentimentos são um pouco contraditórios. Se por um lado saúdo a coragem das pessoas para saírem à rua e lutarem por algo melhor por outro encaro toda aquela confusão com bastante cepticismo.

A verdade é que as revoluções nunca são feitas pelo povo, ou melhor, são feitas pelo povo como um veículo para que outros possam chamar a si o poder. E isto é verdade em quase todas as revoluções por esse mundo fora.

É honesto assumir que nunca vivi numa situação de ditadura pelo que se me visse colocado numa situação egípcia como aquela era bem provável que me visse no meio da praça a gritar, (ou a fazer número pois gritar não é o meu forte). É portanto triste e frustrante que um sentimento bonito de mudança e de luta por algo melhor seja facilmente deturpado pela avidez humana pelo poder. Permitindo-me um pouco de futurologia imagino facilmente o extremismo islâmico a subir ao poder pela forma da irmandade islâmica, e estragar o que povo egípcio conseguiu “oferecendo-lhes” uma bela sharia em agradecimento…

 
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