sexta-feira, junho 20, 2014

Qualquer semelhança com a ficção é pura realidade



Escrito em 1949 por George Orwell, o livro 1984 é um clássico da literatura inglesa, um “romance” distópico que idealiza um mundo sem privacidade e desprovido de todos os aspectos que humanizam a nossa sociedade, amor, amizade, a entreajuda, a justiça, princípios morais, Deus, verdade são apenas alguns dos conceitos abolidos, por um partido único, um regime totalitário que controla todos os aspectos da sociedade. Conhecido como o livro que deu a conhecer ao mundo o conceito do big brother ele é muito mais do que um aviso à falta de privacidade, é um grito subtil do que espera a humanidade se seguir o caminho que está a seguir. Confesso que não acabei de ler o livro, parei a 20 páginas do fim quando me apercebi que não iria ter o fim que queria, não que seja daquelas pessoas que torça sempre por um final feliz, mas queria mesmo que o livro não terminasse como termina. Depois da irritação passar, uns dias depois, apercebi-me que o livro só podia fechar como fecha, não se trata de um romance para entreter mas um sinal de alerta. Nem que fosse apenas por essa razão, torna-se um livro obrigatório nos dias que correm.

Um dos conceitos das fortes no livro é o da falta de privacidade, todos os habitantes são vigiados constantemente por câmaras e microfones que espalhados por todo o lado monitorizam todos os aspectos da vida de cada cidadão, procuram inclusive pequenos esgares nas faces do individuo para perceber o que está a pensar ou sentir, seja no trabalho ou até na casa de banho tudo é espiado vigiado e controlado.

Certamente que os primeiro leitores que contactaram com o livro na década de 50 ficaram admirados com a imaginação de Orwell. Hoje a 18 de Junho de 2014 o jornal público escreve esta noticia:

Hexo+, o drone que nos segue para todo o lado



Palavras para quê? Qualquer semelhança com a ficção é pura realidade.

No livro não é bem explicado como é que se chegou àquele estado, mas eu sei como é que nós vamos emular 1984, vamos implorar e aplaudir para nos tornarmos em Oceânia.

sexta-feira, junho 13, 2014

WMD





Em Portugal existem 3 grandes tipos de adeptos, uns estão tão habituados a ganhar que desenvolveram uma adição patológica às vitórias que quando lhes faltam revelam uma grande dificuldade em gerir, outros vivem das glórias passadas e continuam a achar-se os maiores lá da aldeia, apesar de já não o serem e ai de quem diga o contrario. O terceiro subtipo incha-se de esperança todos os anos, assistem aos jogos com fidelidade e apoiam a equipa com afinco em todas as adversidades acreditando que vão chegar ao céu, mas sabendo, lá bem no fundo que não vão conseguir. 

Eu pertenço a este 3º sub tipo, e tendo consciência disso, teria inúmeras razões para não assistir a este mundial como fiz nas outras edições, por entre protestos, estádios por acabar, sorteios falseados e a roubalheira do costume como já se viu no jogo de abertura são tantas as razões para não ver o mundial. Com tanto a acontecer no mundo, o mundial corre o risco de se tornar uma arma de distracção maciça. 

Mas vou assistir na mesma, a dificuldade estará sempre na dose, a dose suficiente para conseguir desfrutar do jogo mas evitando a alienação. E a ver se Portugal passa pelo menos aos oitavos, (e já agora que não perca com os jogadores de basebol)

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sexta-feira, junho 06, 2014

Obsolescência





Uma das últimas coisas que pensava fazer aqui no blog era costumer advice, mas acho que se impõe, vamos lá então, mas à minha maneira.

Livermore é uma pequena cidade americana sensivelmente a 1 hora de carro de são Francisco, (sem transito) e seria apenas mais uma triste cidade americana sem história não fosse o seu quartel de bombeiros e a lâmpada que o ilumina, uma pequena lâmpada de filamento, daquelas de vidro com um pequeno arame de volfrâmio que fica incandescente quando atravessado por corrente eléctrica. E o que torna esta lâmpada tão especial? Bem, trabalha ininterruptamente há 112 anos!! Não, não houve erro de escrita, são mesmo 112 anos a iluminar. O facto é tão estranho que é mesmo a maior atracção turística do sítio. 

Nos dias modernos de hoje, este tipo de lâmpadas já está em desuso, toda gente quer é leds, que gastam menos, também cansam a vista e podem ser usados para isto, mas gastam menos e são fashion com cores giras e tal… Mas não serei um velho do Restelo, é bom que existam novos equipamentos, mais eficientes, potentes e esteticamente mais agradáveis, chega de batedeiras horríveis e que faziam uma barulheira imensa só para bater claras, hoje a malta quer é bimbys que fazem tudo sozinhas e sem supervisão, para se ter tempo para outras coisas. 

Mas uma bimby custa os olhos da cara! Será que se justifica? Será que tanta fama é merecida, que tanto alarido é fundamentado?

A minha resposta sempre foi não, 1000 euros por uma misturadora que também aquece é demasiado dinheiro, por melhor que seja é muito guito!

Essa foi a razão que nos levou a comprar uma yammi, a versão low cost do continente, que se dizia fazer o mesmo que a versão posh alemã.  Dirigi-me até ao continente mais próximo pus no carrinho e já está, mais simples que combinar com um vendedor ter uma demonstração em casa. 

Fomos logo experimentar, rapidamente se nota que os materiais são de pior qualidade que a bimby, era de esperar face à diferença de preço, o meu fiat também tem materiais inferiores ao Maybach mas faz o que é preciso. Existem outras diferenças, a bimby tem balança incorporada e a yammi trás à parte, embora isto seja visto como uma vantagem da bimby eu pessoalmente discordo, pois pesar à parte tem a vantagem de se puder voltar a trás caso nos enganemos na pesagem, enquanto se deitarmos coisas a mais na bimby é mais ups… fiz asneira, além disso a balança da bimby não é muito precisa, avança em intervalos de 5 grama, o que é manifestamente fraquinho. Mas a grande diferença é na lâmina, a bimby tem uma lâmina que corta num sentido e mistura no sentido contrário ao passo que a yammi tem duas, uma de corte e outra para mexer e acreditem que é chato ter de trocar as lâminas a meio da receita.

A experiencia com a yammi estava a ser positiva até a gula apertar e decidir fazer um crumble de maçã, que aqui o je gosta bastante. A massa de crumble é massa areada que até nem é muito espessa mas a yammi não aguentou e aqueceu ao ponto de deitar fumo! Compreendo que por vezes com o esforço uma máquina pode aquecer, mas a ideia é parar antes de queimar. Como a máquina é suposto ser eléctrica e não a vapor trocamos por outra, esperançados que a primeira tivesse sido feita a uma sexta-feira.

A yammi 2.0 era igualzinha, e tudo corria bem até decidirmos fazer um crumble de maçã. Mais uma vez a maquineta não se aguentou e começou a deitar fumo. Este foi o ponto final! Não ia haver yammi 3.0, fomos ao continente e devolveram o dinheiro
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Era de esperar; o meu maior receio; que o controlo de qualidade da yammi não fosse famoso, não é a mesma coisa ser feita na china por escravos ou na Europa por operários especializados. Afinal o controlo de qualidade até é coerente, mas aquém da minha exigência, não quero máquinas que queimem!

A experiencia deixou-nos com um amargo de boca pois estávamos a gostar de ter um robot de cozinha, ao que parece os bebés torcem o nariz quando a sopa não está bem passada, e isso não é o que se quer. Como a varinha mágica cá de casa já tem 2 anos e está a dar o berro decidimos abrir os cordões à bolsa e comprar o maybach dos robots de cozinha. A bimby custa 3 vezes mais que a yammi mas assim que se mexe numa vê-se que se está a falar de campeonatos diferentes, da robustez da máquina às funções é em tudo melhor (excepto na balança), mais robusta, mais silenciosa, não deita fumo quando faz crumbles, entre outras particularidades. Mas aquilo que mais me chama a surpreende é a atenção aos pormenores. Acho que a equipa de engenharia da Vorwerk é uma cambada de OCD´s. 

Agora a grande questão é se a longevidade da bimby suplanta o investimento inicial, como disse a minha varinha mágica está presa por um fio, e não é surpreendente que seja assim pois nos dias que correm os equipamentos são feitos para durarem apenas um curto espaço de tempo, para que os clientes voltem a comprar, é a chamada Obsolescência programada, os aparelhos têm como que um gene terminal tal qual transgénicos, de modo a durarem apenas um determinado período de tempo, depois avariam obrigando o cliente a voltar a comprar para que as empresas possam chegar ao fim do ano e apresentem gráficos de vendas sempre a crescer. Podiam fazer electrodomésticos robustos e duráveis? Podiam fazer lâmpadas que durassem dezenas de anos? Sim claro, mas quantas vendiam por ano? Eu compro uma dúzia de lâmpadas como as de livermore e deixo aos meus netos a responsabilidade de as trocar, faz mais sentido do ponto de vista da engenharia, ambientalmente é mais responsável mas arruína aquele gráfico catita do crescimento anual para apresentar na reunião aos accionistas…

Eu não espero que a bimby chegue aos 112 anos, mas espero e tenho a certeza que irá durar muito tempo, como prefiro gastar mais dinheiro se for bem empregue fico mais satisfeito com esta compra do que com um sucedâneo. 

Acho que vou comer gelado….
 
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