quarta-feira, dezembro 14, 2011

Férias itinerantes


Apercebi-me que este blog anda muito negro e depressivo, o mundo (ainda) não acabou, vamos pois concentrarmo-nos em coisas boas que vão ser necessárias daqui para a frente.

Aqui segue o tradicional post das férias que ficou na gaveta à espera do frio, só o post saberá porquê

A distancia é um conceito que tanto tem de objectivo como de subjectivo. De Tróia a Lagos, com passagem pelo Cabo de São Vicente são pouco mais de 300 km e 300km são 300km aqui e em qualquer lado do planeta, mas uma coisa é faze-los de carro, outra é fazer a pé ou de bicicleta.

E foi precisamente de bicicleta que nos propusemos a fazer toda a costa vicentina desde a península de Tróia até ao cabo de são Vicente, sempre em bicicleta e em ritmo de passeio para poder apreciar uma das mais belas paisagens de Portugal. O passeio seria feito em 5 dias e com carro e apoio. Podíamos fazer em menos tempo, 3 dias seria possível, mas implicava pedalar o dia inteiro e não dormir em parques de campismo pois o trabalho de montar as tendas é um martírio ao fim de uns dias, além de que uma cama confortável sabe sempre bem principalmente depois de um esforço físico.

Aqui deixo um relato mais ou menos resumido do que fizemos com algumas fotos e percursos que poderão servir a quem se quiser aventurar também

Dia 1

Partimos de Lisboa, já a pedalar até à estação de Roma areeiro onde apanhámos o comboio da fertagus para Setúbal. A fertagus deixa levar a bicicleta gratuitamente no comboio desde que não seja em hora de ponta, e como percebemos no regresso, apenas 2 bicicletas por carruagem (depende da boa disposição do revisor).

Chegamos a Setúbal e apanhamos o ferry para Tróia, aqui também não se paga mais pela bicicleta desde que seja depois das 10 da manhã. Convém chegar cedo no verão, mas há sempre a vantagem das bicicletas não terem de esperar na fila como os carros (que em Agosto custa bastante).

A Arrábida ao longe serviu de inspiração e assim que chegámos a terra firme atacámos a primeira etapa que terminaria na Galé, juntamente com um grupo de amigos que se juntaria a nós nesse dia (o trabalho impediu de fosse mais tempo).

O trajecto foi feito todo em estrada e praticamente plano sem problemas de maior. Há que ter muita atenção ao trânsito que pode ser muito intenso no verão por causa das praias, depois da comporta alivia. Um piquenique em frente da prisão de alta segurança de pinheiro da cruz e num instante chegamos à galé, saímos da estrada principal e fizemos 5km em estrada batida até ao parque de campismo. Quando delineei os trajectos tive oportunidade para ler que a estrada de terra batida era muito má, mas nada me preparou para aquilo! Foi a pior estrada de toda a viagem, foram 5 km mas custaram bastante em todo o corpinho….

O parque da galé foi uma boa surpresa, bem equipado, bonito e pertíssimo da praia, mais perto era impossível. A praia também é muito bonita, o único senão são os mosquitos, muitos e terríveis!

Dia 2

Saímos os 4 da galé com destino a porto covo. O pior desta etapa foram os km iniciais para sair do parque (outra sova) e o calor do final da etapa. Passamos por Melides, almoçamos em Sines onde ainda apanhámos a ressaca do festival músicas do mundo e chegámos a porto covo. Ficaríamos essa noite no parque de campismo de porto covo. Não foi fácil entrar, primeiro porque fomos atendidos pela ovelha choné, depois porque o parque estava praticamente cheio e não pudemos reservar com antecedência, lá conseguimos um buraco para pormos as duas tendas. O parque é bastante básico mas faz o serviço.

Porto covo é uma vilazinha pitoresca que sofre inflamações de verão, como que picada pelos mosquitos da galé, no inverno não se passa nada, mas no verão a população deve multiplicar-se por 100 e incha de gente. Foi este último cenário que encontrámos, montes de gente na rua, animações e musica, toda a gente animada. Vale pena visitar

Dia 3

Esta iria ser a etapa mais longa da viagem, como se nisso não bastasse, alguém, (eu) teve a ideia de se ir visitar a ilha do pessegueiro e fez-se um “pequeno desvio” de 10km. 10km não é muito, mas de bicicleta a coisa toma outra proporção e quando chegámos ao final o meu conta km marcava 67km. Apesar dos km, o trajecto não tinha dificuldades, uma ou outra subida mas nada de outro mundo. Almoço em Vila Nova de Mil fontes junto á praia, passagem em Almograve e cabo sardão, destino final parque de campismo do Zmar.

Foi nessa altura que nos amaldiçoamos por não termos trazido tendas instantâneas, depois de tantos km, montar a tenda era tudo o que não nos apetecia.

O Zmar é um parque de campismo com um conceito diferente, aconselho a visitar o site deles para mais informação e quem puder não hesite em lá ficar, leve a família e fique uns dias. É o parque de campismo com melhores condições onde já fiquei, tem uma piscina de ondas e outra exterior com mais de 100 metros (eu medi). É um pouco mais caro mas vale a pena. Como único senão a falta de árvores que lhe confere uma aridez algo inóspita. O chão tb é duro…

A partir desse dia teríamos mais 2 amigos a pedalar connosco, seriamos 6 a chegar ao Algarve.

Dia 4

Com o quarto dia chegaria aquela que supostamente seria a etapa mais difícil de todas, 650 metros de acumulado e mais de 50km com 2 subidas mais íngremes. Ao contrário dos outros dias optamos por não sair logo de manha para aproveitar mais o Zmar pois as piscinas souberam a pouco no dia anterior. Íamos sair com o calor mas chegaríamos ao fim, na arrifana, pelo fresquinho. Saímos do Zmar sobre um calor tórrido seguindo Alentejo abaixo. Na herdade da casa branca ultimavam-se os preparativos para o Sudoeste, mas a nossa música era outra. Paragem estratégica na Zambujeira do mar para reforçar o estômago e preparar-nos para as subidas e descidas que íamos ter ao longo da costa.

Chegados a Odeceixe tínhamos a primeira subida digna desse nome pela frente, optamos por subir pela vila dentro para evitar trânsito, mas para além de mais inclinado o piso em empedrado não facilita a ascensão. Vencida Odeceixe o caminho é bastante rolante até Aljezur. O calor já amainava e a paisagem ia ficando cada vez melhor.

Em Aljezur virámos para a arrifana, outra subida bem inclinada, mas uns mais depressa que outros vencemos a adversidade e chegámos ao topo. Mais uns km em sobe e desce e estávamos na pousada da Juventude total 58km. Hoje merecíamos uma cama! Banho tomado, missão cumprida e um por do sol magnifico, que mais desejar….

Dia 5

Esta seria a etapa da consagração, e depois do dia de ontem seria bem mais fácil… puro engano! As subidas não eram tão íngremes e fizemos um desvio pois foi-nos dito na pousada que a descida para a praia do cavaleiro não era aconselhada para bicicletas de cross country, apenas all mountain, pelo que arrepiámos caminho e fizemos o percurso de volta até Aljezur, o que facilitou a etapa. O grande problema foi mesmo o vento, o vento era tão forte que nem dá para descrever, a dada altura na praia da bordeira tínhamos que pedalar para descer! E foi assim o caminho todo até Vila do Bispo, uma etapa que até seria simples tornou-se muito difícil, a mais difícil de todas.

Mas não ia ser um vento, por mais forte que fosse, que nos iria impedir de chegar ao destino final ali tão perto. Almoçámos em Vila do Bispo e seguimos até ao farol do cabo de São Vicente. Ao fim de tantos kms tínhamos chegado… foi uma óptima sensação.

Ficamos essa noite e o dia seguinte no parque de campismo de Sagres, talvez o mais fraquinho de todos, muito simples só para usar de passagem, mas a palavra de ordem era descansar e retemperar forças e um pouco de praia.

Dia 6

E pronto, faltava só pedalar um pouco mais até lagos onde apanharíamos o comboio de volta a casa, apenas 30km, mas o vento voltou a atacar forte e feio até Vila do Bispo fazendo-nos perder muito tempo pelo que os nossos planos de encontrar caminhos alternativos ficaram para segundo plano e fizemos todo o trajecto até lagos pela EN 125. Esta estrada é de todo desaconselhada para bicicletas mas como tem berma na maior parte do percurso e não é este o troço mais perigoso decidimos arriscar. Conseguimos chegar a horas ao comboio.

Por a bicicleta no comboio em Portugal é um desatino, quando estive na Noruega reparei que os comboios têm um vagão inteiro para bicicletas, o nosso tinha um pequeno cubículo onde cabe pouco mais de uma meia dúzia, e estavam umas 15 bicicletas para serem despachadas. Felizmente os revisores estavam muito bem-dispostos e fizeram de Júlio isidrio a colocar pessoas num twingo e couberam todas! Nota mental, para a próxima reservar com antecedência para não haver surpresas. A viagem foi calma até Lisboa e demorou um pouco pois para transportar bicicletas é preciso apanhar o regional que vai parando por todo o sítio. Em Tunes tem de se mudar de comboio porque a concordância foi destruída aquando da expo 98 para se fazer um viaduto. Nem vale a pena pensar porquê….

Um total de 338km em cima da bike, foi um passeio inesquecível e revelador do que somos capazes de fazer quando realmente nos empenhamos. A costa vicentina é um dos meus sítios preferidos e agora vou vê-la com outros olhos, nunca mais será a mesma.

percursos

Dia 1 troia - Galé

Dia 2 Galé - Porto Covo

Dia 3 Porto Covo - Zmar

Dia 4 Zmar - Arrifana

Dia 5 Arrifana - Cabo de São Vicente









segunda-feira, dezembro 12, 2011

O elogio da burrice



Durante a última campanha para a presidência do sporting houve alguém que teve a infeliz ideia de dar um microfone e tempo de antena ao Paulo Futre. Ficou ai bem patente que Futre pode ter sido um grande jogador mas não tem qualquer aptidão para discursar de forma coerente e muito menos para fazer sentido. Ao rever o vídeo fica a sensação que os gato fedorento não fariam melhor. Mas num golpe de asa notável, Futre conseguiu por a render as suas bacoradas ganhando contratos televisivos e publicitários. Não me chateia nada que o rapaz ganhe dinheiro, o que já me chateia é que seja com a sua burrice e ainda seja elogiado no processo!

Ao que parece Futre deixou descendência, há uma tal de cátia que está fechada numa casa algures na Venda do Pinheiro, mas que mesmo assim não há parede que contenha a sua imaginação para alterar a geografia mundial ou inventar novas palavras. A rapariga é também douta em desconhecimento geral sobre… bem, é geral… Ou muito me engano ou a rapariga vai mesmo ganhar aquela espécie de concurso, ou lá o que quiserem chamar.

Atenção que eu não me acho mais especial ou mais inteligente que os outros, e as pessoas burras também têm direito à vida, a serem felizes etc etc… O que já me custa aceitar é que isso seja um trunfo para a vitória. Custa ver que uma falta de conhecimento seja um motivo para se gostar de alguém.

Claro que quem está minimamente com atenção percebe que a menina fica mais burra quando é entrevistada em directo, e sabendo à partida que os votos não valem nada, levanto a suspeita que se calhar é o próprio operador televisivo que nos está a fazer de burros, ao eleger uma burra como vencedora e ao fazer programas como aquele… Isso não me deixa mais contente, antes pelo contrário, mas são contas de outro rosário.

Sim, o autor do blog vê a casa dos segredos, que posso dizer.. o terror fascina…

quarta-feira, novembro 30, 2011

De olhos bem fechados


O título e a imagem deste post têm em comum o pertencem a um filme, sendo essa a única semelhança entre ambos.

A escolha do título é importante pois para vermos bem, temos de abrir os olhos.

Sugiro então que o façam, olhem bem para a fotografia com "olhos de ver" e quando virem, ou não acreditarem no que estão a ver, façam como eu e vão ao vosso DVD, depois... comecem a pensar....

quinta-feira, novembro 17, 2011

A roda


Perguntei a um amigo meu alemão o que significava ser alemão na Alemanha, visto que ele não se sente muito alemão…. A pergunta, segundo ele, deveria ser antes o que é que significa ser um bom alemão.

O tópico dá pano para mangas mas grosso modo, os alemães são muito respeitadores da lei e da autoridade, muito ciosos dos seus valores de sociedade e de respeitabilidade, e portanto, ser bom alemão implica ter um bom trabalho e ser bem vistos pelos outros. Como os alemães vêem muito as coisas em bem ou mal, preto ou branco quem não se encontra nas condições em cima não é um bom alemão, e pela lógica germana é um mau alemão, um outsider, um troublemaker, e ninguém quer ser um troublemaker, pois estes são logo posto de parte.

A pressão social que isto gera sobre as pessoas é fortíssima porque para não ser um troublemaker, os alemães empenham todo o seu esforço em ser uma peça útil na sua sociedade o que se manifesta na sua forma eficiente de trabalhar e no seguimento cego das normas que regram o seu mundo. Se por um lado isto se reflecte numa capacidade de trabalho e organização afamada, também leva a que uma grande parte das pessoas se sinta á beira da exaustão e incapaz de parar, devido á pressão dos seus pares e com medo de se tornar um troublemaker e ser afastado pela grande máquina.

A analogia é inevitável e usada inclusive pelos alemães, no fundo toda a nação é como uma grande máquina e todos os seus habitantes pequenas peças, todas desempenhando a sua função com uma precisão de um relógio. Os troublemakers, os ousiders, são as peças estragadas e que devem ser identificadas e retiradas o quanto antes da máquina, sob pena de esta poder encravar. Todas as peças estragadas são um perigo à integridade da máquina.

Esta forma de encarar a vida colocou imensos e graves problemas à Europa e ao mundo nos últimos 100 anos, mas também nos trouxe BMW´s e outras coisas afins, é uma pena que toda esta eficiência não esteja ao serviço do bem-estar comum pois poderia fazer coisas extraordinárias.


E nós?


Fez no passado dia 12 de Novembro 20 anos do massacre de Santa cruz, os timorenses que até aí vinham a ser mortos em quase total silencio, acabaram por ter nessa tragédia um grito de alerta à sociedade mundial sobre o que se estava a passar em Timor leste. A história que se seguiu é conhecida, passo a passo foram conseguidas as condições que levaram à sua independência. Gosto de pensar que de certa forma, Portugal contribuiu para isso, foi muito bonito ver aquele cordão humano que juntou centenas, milhares de pessoas pelas nossas cidades para chamar à atenção para o que se passava em Timor.

Foi um exemplo impar pois normalmente é muito difícil juntar o pessoal aqui do burgo num projecto comum, o costume é cada um seguir o seu próprio caminho e a sua própria agenda. O que é uma pena pois a nossa história mostra que somos capazes de fazer coisas extraordinárias se nos empenhássemos em prol do conjunto e não das suas individualidades.

Se a Alemanha é uma máquina super eficiente, em que cada peça trabalha na perfeição executando o seu trabalho para o sucesso da máquina, Portugal por seu lado, é uma máquina em que algumas peças funcionam e outras não, umas dão 157%, outras 24% e nem sempre remam todas para o mesmo lado.

Se fossem carros, a Alemanha seria um Mercedes super tecnológico em que tudo seria calculado ao milímetro, Portugal ao invés, seria um carro velho cheio de mossas em que se punha gasolina e logo se via pelo caminho.

O alemão nunca vai compreender um português, e ainda menos se o nosso carro chegar á frente… aí, está o caldo entornado…

terça-feira, outubro 18, 2011

humanidade (ou falta dela)

Existe uma maneira fácil de acabar com o défice português, todos nós começávamos a trabalhar 16 horas por dia e a receber metade do ordenado, funcionários públicos e privados inclusive. As empresas não gastavam nada com segurança ou condições de higiene e o estado supervisionava tudo. Estou certo que no final de 2012 estaríamos a crescer no mínimo uns 10%.

A grande questão é, se é isso que queremos? Que pessoas somos e queremos ser? Que legado deixar aos nossos filhos?

Bem sei que cada vez me revejo menos neste povo mas independentemente dos nossos problemas sociais e culturais, que existem e devem ser melhoradas, temos também boas qualidades que em última análise nos definem como humanos. A verdade é que a Europa e também Portugal deveriam ser um exemplo de humanidade, mais que não fosse pelo seu passado histórico. Infelizmente esse legado é cada vez mais relegado para trás em nome de um capitalismo voraz que ignora tudo e todos, mesmo as mais básicas qualidades de ser, que nos diferencia, no limite, de uma vara de porcos.

O vídeo seguinte tem imagens chocantes, se é uma pessoa impressionável não veja, se acha que é uma pessoa que não se choca, não veja na mesma.

Muito simplesmente uma criança é atropelada e durante 7 minutos ninguém lhe passa cartão, é novamente atropelada e ninguém se preocupa nem um pouco.

Os portugueses têm muitos defeitos, aceito-os todos, até podemos estar na penúria e ser uns pobretanas e ter os políticos que temos, mas aquilo que mostra o vídeo nunca isto se passaria cá, tenho a certeza.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Pautas perdidas

À medida que a vida vai tomando o seu curso também a banda sonora que a acompanha vai crescendo, modificando, perdendo algumas folhas.

Este ano duas bandas que me acompanharam no final da adolescência decidiram terminar. Nos dias de hoje já mal as oiço, mas quando isso acontece é sempre bom.

Portanto e em sua homenagem aqui fica



 
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