quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Verniz







Com certeza já todos ouviram falar do cavalo de Tróia, a expressão tem a sua origem na conquista da cidade de Tróia, segundo a lenda, os gregos construíram um enorme cavalo que ofereceram aos troianos, estes pensando ser um presente dos deuses trouxeram-no para dentro das muralhas da cidade, o problema é que dentro do cavalo estava uma pequena porção do exército grego, que dentro das muralhas de Tróia, conseguiram abrir as portas da cidade ao restante exército, que assim conquistou Tróia acabando com um longo cerco.


O rei dos gregos há altura era Agamémnon que quando regressou a Atenas entrou no seu palácio caminhando sobre uma passadeira vermelha, já dentro do palácio encontrou a morte às mãos da sua mulher e do seu amante. Desde então a passadeira vermelha passou a ser o símbolo da arrogância dos vencedores.

Domingo passado foi transmitida a 82 edição dos Óscares, confesso que nos dias de hoje já não tenho a mínima paciência para aturar a entrega dos Óscares e tudo o que ela significa, longe vai o meu tempo de faculdade em que na ausência de televisão ficava pregado a noite toda a ouvir a TSF que transmitia a cerimónia via rádio! Que perda de tempo!

Os vencedores são escolhidos não pela sua qualidade mas por jogos de bastidores “não te vou dar Óscar porque falas sobre assuntos polémicos”,” mas este leva Óscar porque fala de veteranos de guerra e isso é bom para o moral”, “e tu… até merecias mas este ano não levas nada porque já te demos o ano passado” , e que tal decidir que o Porto não pode ser campeão porque já foi o ano passado!! É como organizar uma corrida, escolher que vai participar e já ter de antemão a lista com a posição em que cada concorrente vai ficar… não contem comigo para isso.

Hoje o verniz da indústria cinematográfica e do entretenimento caiu por completo. É uma indústria corrupta e cujos objectivos não são necessariamente o entretenimento; e diga-se de passagem, quem é que quer ser entretido quando o mundo está como está? Naturalmente que continuo a ver filmes, mas já não os vejo com a minha inocência de antigamente, hoje divirto-me a tentar encontrar a palavra sex, subliminarmente colocada entre imagens, tento ler o que estiver escrito no fundo dos cenários longe do olhar distraído do espectador, atento à introdução de logos de marcas que acontecem por “”engano””.

Ao ver a entrada daqueles artistas a passearem-se na passadeira vermelha os seus vestidos alugados, os seus falsos sorrisos, não consigo deixar de pensar naquela falsidade toda e no que Annie Lenox uma vez escreveu, alguns gostam de usar, outros gostam de ser usados”…

Então Meryl Streep ganhou mais um Óscar, foi? Bom para ela…

 

Por: Anatólio Urso, um simples habitante de Svalbard

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