terça-feira, maio 31, 2011

Votar



Depois de ler os comentários que foram colocados no meu anterior post, e que desde já agradeço, achei por bem responder sobre a forma de um novo post, que vou tentar que seja o último em que fale abertamente de política. Pelos comentários e porque dizer simplesmente que se vota em branco ou em nulo não chega, aqui vai.

Há já alguns anos que nenhum partido em Portugal recebe um voto meu, e a principal razão é não me rever em nenhum partido, são todos farinha do mesmo saco…

Dos 5 partidos principais temos um partido comunista que, como diz o chavão, engoliu a cassete e não sai, nem um pouco, da uma linha do pensamento URSS 1918. O bloco de esquerda composto por uma elite rica de esquerda, que pese embora seja liderada por um excelente economista, vive noutro sistema solar e perde-se demasiado em temas como o casamento homossexual ou legalização das drogas. O CDS é liderado por um troca tintas e quando olhamos para os outros dois, temos dificuldade em delimitar as suas diferenças, exceptuando o PS ser liderado pelo politico mais mentiroso de sempre.

E a razão porque é difícil separar PS de PSD é que eles não existem com o propósito de defender Portugal diferindo apenas na ideologia e forma de agir. Não, ambos existem com o propósito de defenderem interesses económicos e outros, de vária espécie, responsáveis pela sua existência, e por detrás do alarido com que esgrimam argumentos, existe uma agenda oculta que não sendo directamente contra o País não é necessariamente a favor.

Claro que esta eleição é muito diferente de todas as que a precederam pois está em causa a reeleição de Sócrates, e sobrevivência de Portugal como o conhecemos.

Ora, se consigo entender a gravidade do primeiro factor, Sócrates não pode ser eleito novamente para o bem de todos nós, não vislumbro a mínima alternativa no horizonte e não se pode falar em verdadeira democracia quando se tem apenas 2 incompetentes para escolher! Se num boletim de voto apenas aparecesse Hitler e Estaline, como escolher? O menos mau? Como é que se pode fazer essa escolha de ânimo leve? Pôr uma cruz num deles e sair assobiando para o almoço de família?

Nada disto faz sentido para mim, como também não faz sentido, numa lógica de responsabilidade, estar a falar de estado social, referendos ao aborto, novas oportunidades, paquistaneses e andar a pavonear por feiras quando o País está á míngua, e prestes a ser governado por estrangeiros que imporão medidas draconianas para reduzir o défice. E o documento da troika? Pois… disso ninguém fala, não convém… o que é importante é ser eleito, depois de dia 6 quando Portugal for virado do avesso é que toda a gente vai começar a chorar, até lá o Fábio coentrão ajuda a animar a malta…

Como é possível votar nesta gente sem nos sentirmos enganados?

Eu não consigo…

Mas então e votar em branco resolve alguma coisa?

Antes de mais, votar em branco não é abstenção, abstenção é ficar em casa a ver um filme ou ir à praia, nas palavras de Campos e Cunha (que foi ministro de Socrates)

"(...) o voto em branco (ou deliberadamente nulo) é, do meu ponto de vista, um voto que me merece a maior consideração. É de alguém que se deu ao trabalho de não ir à praia, que participa na democracia mas que não se revê nos partidos e nas pessoas que se apresentam a votos. O voto em branco é um voto de protesto contra essas pessoas e esses partidos, em concreto. Mas não é um voto contra a democracia ou contra os partidos, em geral, como é a abstenção. Infelizmente, o nosso sistema eleitoral não distingue as duas situações. (...) O voto em branco (não a abstenção) é um voto politicamente consciente e deveria estar parlamentarmente representado por ninguém."

Subscrevo inteiramente, eu não o diria melhor.

Votar em branco é esvaziar moralmente o poder politico, é dizer ,não vos reconheço autoridade. Nos dias que correm aparecem apelos contra o voto branco, que não resolve, que inclusive são distribuídos pelos vencedores… todas estas falácias só aparecem agora porque cada vez mais pessoas votam desta maneira, e os políticos assustam-se pois precisam mais do povo que o povo deles.

E é possível que eu nunca mais vote?

Votarei num partido que seja liderado por uma pessoa honesta e que diga a verdade

Votarei num partido que diga que o estado social como existe hoje não é sustentável

Que diga que terá de aumentar a idade da reforma, mais que não seja pela inexorável marcha da demografia que faz de Portugal o 5º pais mais velho do mundo. Que diga que a reforma vai aumentar para os 70 anos, mas que à medida que se aproxima essa idade vai-se trabalhando cada vez menos horas, chegando aos 70 com umas 8 ou 10 horas semanais fazendo uma transição para a inactividade mais racional. E que imponha um limite máximo às reformas.

Que mostre as finanças publicas de forma clara e sem rodeios ao povo e que gaste apenas o que recebe e não embarque em dividas e mais dividas.

Que extinga os organismos não necessários e não tenha problemas em despedir funcionários públicos se for (e è) necessário.

Que reduza as forças armadas ao mínimo criando uma marinha forte e bem equipada e um exército muito reduzido e bem equipa e treinado. Reduzindo sobretudo as altas patentes…

Que reestruture o sistema de transportes em Portugal apostando em comboio normal (não TGV´s) e deixe de fazer auto-estradas. Não faça um novo aeroporto de Lisboa e desloque as low costs para Alverca se necessário. Que junte todas as empresas de transportes das capitais (Lisboa porto) numa só e que não façam percursos sobrepostos.

Que aposte em energias renováveis viáveis e não se limite a plantar ventoinhas que estão paradas a maior parte do tempo, pare as barragens que está a fazer e gaste um décimo desse dinheiro a educar as pessoas em poupar energia, e a transformar os edifícios por esse pais fora e torná-los mais eficientes energeticamente, pois o problema não passa por produzir mais mas em gastar mais eficientemente.

Que reveja as suas políticas de educação privilegiando uma politica de educação que prime pela exigência e não pelo facilitismo, que não se limite a não chumbar para não traumatizar, mas que também não caia no pólo oposto. Seria importante perceber porque chumbam os miúdos? Porque não se interessam e o que fazer para mudar, ouvindo as crianças, os pais e os professores.

Melhorasse a justiça impedindo que os processos se arrastem durante anos e anos

Fomentar os negócios produtivos como as industrias, agricultura e pescas para reduzir significativamente a nossa dependência do estrangeiro

Que construa uma cadeia especializada em presos por corrupção e comece a enche-la.

Que comece tributar as mais valias bolsistas e a tributar os bancos como todas as outras empresas

E que não os salve se forem á falência.

Que reduza a burocracia a sério

Que reduza o número de municípios e acabe com a figura do governador civil do presidente da junta e da assembleia municipal

Que privatize apenas o que dá prejuízo e mantenha as empresas que dão lucro.

Que tenha pulso firme, mas que saiba ouvir…

No dia em que um partido se proponha a fazer isto, ou pelo menos grande parte disto eu voto nele…

3 comentários:

centrípeta disse...

Das duas uma:

1. Candidatas-te...
2. Vamos procurar fora o que não temos dentro...

E andamos com uma cara...

antonio_subtil disse...

Os infelizes......

Gonçalo Maggessi disse...

Eu voto em ti... com partido ou sem partido.
E digo mais, filio-me no teu partido para me candidatar a presidente da junta!
A sério.

 
Free counter and web stats