terça-feira, setembro 11, 2007

Objectivo Mulhacén dia 3

Acordámos pelas 7:00 da manha (tempo de Greenwich), tomámos o pequeno-almoço e preparamos as mochilas. Roupa comida e água são essenciais assim como algum material de sobrevivência, mas o peso é um factor muito importante, quanto mais pesada estiver a mochila, mais penosa vai ser a viagem. No meu caso trouxe muita roupa de casa pois não sabia como ia estar o tempo, (a maior parte acabou por ficar no carro), a comida era á base de massas instantâneas, é só por água e já está, algumas barras energéticas para o pequeno-almoço e o leite condensado. O que pesava mais era a água, uma vez que pelo percurso não existem muitas nascentes com água potável teve de se levar água em boa quantidade e a pensar em 3 dias. Como a minha mochila tem apenas 45 litros tudo o resto foi na outra, de 65.


Então demos inicio á caminhada


O caminho começa em Trévelez, no bairro alto, e as primeiras centenas de metros são efectuados num terreno marcadamente rural. Á medida que fomos subindo a paisagem muda radicalmente. Deixámos de ver as quintas e passamos para a montanha propriamente dita, rocha solta, vegetação menos frondosa.


Aqui apercebemo-nos de uma coisa que já suspeitávamos, não estávamos em forma, os meus músculos das pernas e braços estão bons, devido à escalada, mas a minha capacidade respiratória não, se forçasse o andamento ficava logo a arfar, por outro lado a Anita tinha problemas nas suas pernas por isso o andamento era lento.


Era uma da tarde quando almoçamos, aos 2200 metros, massa instantânea, durante algum tempo seria tudo o que íamos comer! Começamos a subida para a alta montanha, agora apenas os cardos nos acompanhavam. A paisagem é bem diferente dos picos da Europa, lá, parece que estamos na lua, em contrapartida a paisagem da serra nevada tem muito mais vegetação. Mas a morfologia também é substancialmente diferente, como as rochas predominantes são os xistos e quartzitos, as elevações são muito mais arredondadas. O maciço central da serra nevada é também mais antigo que os picos da Europa pelo que encontra-se mais erodido.

Com um último esforço chegamos ao nosso objectivo para o dia, o abrigo natural das sete lagunas. Demoramos 8 horas, mas finalmente estávamos lá.

O local é magnífico, uma lagoa rodeada de montanhas por todo o lado excepto um, onde a água cai em cascata.

No fundo trata-se de um lago de barragem, geologicamente falando. Estávamos aos 2900 metros de altitude, o silêncio era maravilhoso apenas cortado aqui e ali pelo vento. Estávamos os 2 exaustos mas felizes por poder estarmos num sitio como este.




Os abrigos naturais de montanha tem as suas próprias regras, é proibido acampar na montanha excepto para passar a noite, por outras palavras, apenas é permitido montar a tenda uma hora antes do por do sol e tem de ser desmontada uma hora depois do nascer do sol do dia seguinte. Escolhemos o melhor sítio, entenda-se um sítio com pouca bosta e montámos a super tenda. Mais massa para o jantar e a altitude começou a fazer-se sentir, o frio e o vento lembrávamo-nos que o melhor era dormir, mas antes faltava beber um cházinho. eu gosto de chá e tinha piada fazer um chá áquela altitude, isto porque essa cena da água ferver a 100 graus celcius só é verdadeira ao nivel do mar, á medida que se vai subindo a pressão atmosferica vai diminuindo fazendo com que o ponto de ebulição diminua, no caso do Everest a 8848 metros a água ferve a 70 graus apenas, temperatura essa que é insuficiente para fazer um bom chá. Claro que a 2900 não deu para ver grande diferença no chá de menta, mas que arrefeceu mais rapidamente do que é normal, isso arrefeceu. Eu que estou habituado a beber um chá em 2 horas bebi-o em apenas 3 minutos! Estava frio e fui-me deitar, eram 19:00 GMT.

1 comentário:

Ana Paula disse...

Foi sem dúvida uma subida longa e talvez em algumas partes díficil, devido ao desgaste fisíco (devo referir especialmente o meu), mas a paisagem valeu a pena...a Laguna Hondera é um local mágico e posso dizer que talvez fomos parte das algumas centenas ou mesmo milhares de pessoas que chegaram tão alto, e viram aquilos que nós vimos...de entre os milhões/biliões no mundo...´Já depois de ter voltado para o Japão já fui dar outros passeios por montanhas aqui perto, não é o mesmo, sabe bem, mas desse lado do mundo...tem outra cor, outra satisfação...

Até à próxima, sempre a subir...quem sabe um dia chegamos a Annapurna!!

 
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