Por onde as coisas andam quentes é mesmo pelos lados do Egipto e arredores, impulsionados por uma necessidade básica, ou pela falta delas, inspirados pelos seus vizinhos tunisinos milhares de egípcios saem às ruas a pedir a queda do regime. Tenho acompanhado com bastante atenção o que se passa no Egipto via CNN como manda a tradição, e os sentimentos são um pouco contraditórios. Se por um lado saúdo a coragem das pessoas para saírem à rua e lutarem por algo melhor por outro encaro toda aquela confusão com bastante cepticismo.
A verdade é que as revoluções nunca são feitas pelo povo, ou melhor, são feitas pelo povo como um veículo para que outros possam chamar a si o poder. E isto é verdade em quase todas as revoluções por esse mundo fora.
É honesto assumir que nunca vivi numa situação de ditadura pelo que se me visse colocado numa situação egípcia como aquela era bem provável que me visse no meio da praça a gritar, (ou a fazer número pois gritar não é o meu forte). É portanto triste e frustrante que um sentimento bonito de mudança e de luta por algo melhor seja facilmente deturpado pela avidez humana pelo poder. Permitindo-me um pouco de futurologia imagino facilmente o extremismo islâmico a subir ao poder pela forma da irmandade islâmica, e estragar o que povo egípcio conseguiu “oferecendo-lhes” uma bela sharia em agradecimento…
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