Uma das últimas coisas que pensava fazer aqui no blog era
costumer advice, mas acho que se impõe, vamos lá então, mas à minha maneira.
Livermore é uma pequena cidade americana sensivelmente a 1
hora de carro de são Francisco, (sem transito) e seria apenas mais uma triste
cidade americana sem história não fosse o seu quartel de bombeiros e a lâmpada
que o ilumina, uma pequena lâmpada de filamento, daquelas de vidro com um
pequeno arame de volfrâmio que fica incandescente quando atravessado por
corrente eléctrica. E o que torna esta lâmpada tão especial? Bem, trabalha
ininterruptamente há 112 anos!! Não, não houve erro de escrita, são mesmo 112
anos a iluminar. O facto é tão estranho que é mesmo a maior atracção turística
do sítio.
Nos dias modernos de hoje, este tipo de lâmpadas já está em
desuso, toda gente quer é leds, que gastam menos, também cansam a vista e podem
ser usados para
isto, mas gastam menos e são fashion com cores giras e
tal… Mas não serei um velho do Restelo, é bom que existam novos equipamentos,
mais eficientes, potentes e esteticamente mais agradáveis, chega de batedeiras
horríveis e que faziam uma barulheira imensa só para bater claras, hoje a malta
quer é bimbys que fazem tudo sozinhas e sem supervisão, para se ter tempo para
outras coisas.
Mas uma bimby custa os olhos da cara! Será que se justifica?
Será que tanta fama é merecida, que tanto alarido é fundamentado?
A minha resposta sempre foi não, 1000 euros por uma
misturadora que também aquece é demasiado dinheiro, por melhor que seja é muito
guito!
Essa foi a razão que nos levou a comprar uma yammi, a versão
low cost do continente, que se dizia fazer o mesmo que a versão posh alemã. Dirigi-me até ao continente mais próximo pus
no carrinho e já está, mais simples que combinar com um vendedor ter uma demonstração
em casa.
Fomos logo experimentar, rapidamente se nota que os
materiais são de pior qualidade que a bimby, era de esperar face à diferença de
preço, o meu fiat também tem materiais inferiores ao Maybach mas faz o que é
preciso. Existem outras diferenças, a bimby tem balança incorporada e a yammi trás
à parte, embora isto seja visto como uma vantagem da bimby eu pessoalmente discordo,
pois pesar à parte tem a vantagem de se puder voltar a trás caso nos enganemos
na pesagem, enquanto se deitarmos coisas a mais na bimby é mais ups… fiz
asneira, além disso a balança da bimby não é muito precisa, avança em
intervalos de 5 grama, o que é manifestamente fraquinho. Mas a grande diferença
é na lâmina, a bimby tem uma lâmina que corta num sentido e mistura no sentido contrário
ao passo que a yammi tem duas, uma de corte e outra para mexer e acreditem que
é chato ter de trocar as lâminas a meio da receita.
A experiencia com a yammi estava a ser positiva até a gula
apertar e decidir fazer um crumble de maçã, que aqui o je gosta bastante. A
massa de crumble é massa areada que até nem é muito espessa mas a yammi não
aguentou e aqueceu ao ponto de deitar fumo! Compreendo que por vezes com o esforço
uma máquina pode aquecer, mas a ideia é parar antes de queimar. Como a máquina
é suposto ser eléctrica e não a vapor trocamos por outra, esperançados que a
primeira tivesse sido feita a uma sexta-feira.
A yammi 2.0 era igualzinha, e tudo corria bem até decidirmos
fazer um crumble de maçã. Mais uma vez a maquineta não se aguentou e começou a
deitar fumo. Este foi o ponto final! Não ia haver yammi 3.0, fomos ao
continente e devolveram o dinheiro
.
Era de esperar; o meu maior receio; que o controlo de
qualidade da yammi não fosse famoso, não é a mesma coisa ser feita na china por
escravos ou na Europa por operários especializados. Afinal o controlo de
qualidade até é coerente, mas aquém da minha exigência, não quero máquinas que
queimem!
A experiencia deixou-nos com um amargo de boca pois
estávamos a gostar de ter um robot de cozinha, ao que parece os bebés torcem o
nariz quando a sopa não está bem passada, e isso não é o que se quer. Como a
varinha mágica cá de casa já tem 2 anos e está a dar o berro decidimos abrir os
cordões à bolsa e comprar o maybach dos robots de cozinha. A bimby custa 3
vezes mais que a yammi mas assim que se mexe numa vê-se que se está a falar de
campeonatos diferentes, da robustez da máquina às funções é em tudo melhor
(excepto na balança), mais robusta, mais silenciosa, não deita fumo quando faz
crumbles, entre outras particularidades. Mas aquilo que mais me chama a surpreende
é a atenção aos pormenores. Acho que a equipa de engenharia da Vorwerk é uma
cambada de OCD´s.
Agora a grande questão é se a longevidade da bimby suplanta
o investimento inicial, como disse a minha varinha mágica está presa por um
fio, e não é surpreendente que seja assim pois nos dias que correm os equipamentos
são feitos para durarem apenas um curto espaço de tempo, para que os clientes
voltem a comprar, é a chamada Obsolescência programada, os aparelhos têm como
que um gene terminal tal qual transgénicos, de modo a durarem apenas um
determinado período de tempo, depois avariam obrigando o cliente a voltar a
comprar para que as empresas possam chegar ao fim do ano e apresentem gráficos
de vendas sempre a crescer. Podiam fazer electrodomésticos robustos e duráveis?
Podiam fazer lâmpadas que durassem dezenas de anos? Sim claro, mas quantas
vendiam por ano? Eu compro uma dúzia de lâmpadas como as de livermore e deixo
aos meus netos a responsabilidade de as trocar, faz mais sentido do ponto de
vista da engenharia, ambientalmente é mais responsável mas arruína aquele
gráfico catita do crescimento anual para apresentar na reunião aos accionistas…
Eu não espero que a bimby chegue aos 112 anos, mas espero e
tenho a certeza que irá durar muito tempo, como prefiro gastar mais dinheiro se
for bem empregue fico mais satisfeito com esta compra do que com um sucedâneo.
Acho que vou comer gelado….