Chegamos então ao dia D, o dia em que íamos subir ao pico Mulhacén, apesar da “tareia” do dia anterior não me sentia nada cansado, acordamos um pouco antes do nascer do sol, o refúgio natural das sete lagunas continuava belo. Tomámos o pequeno-almoço, barra de cerais com sabor a maça e 2 bolicaos, e desmontamos a tenda. O sol ia-nos acompanhar. Antes de partirmos fomos interpelados por duas espanholas que nos perguntaram onde era a nascente da lagoa, porque as tinham avisado de que não se devia beber da água da lagoa directamente pois tinha muita diversidade de “fauna” hum… informação muito útil, mas como todas as grandes lições da vida a tendência é aprende-las demasiado tarde.
A parte inicial do caminho que liga as 7 lagunas ao pico Mulhacén é bastante íngreme e difícil e torna-se ainda mais difícil se não se seguir o trilho específico, vão por mim, mas independentemente da escolha, obvia ou a absurda chega-se a um patamar com uma vista privilegiada para as 7 lagunas e de onde se consegue avistar o pico Mulhacén e o pico Alcazaba (o 3º mais alto da serra Nevada). Com a meta á vista não podíamos esmorecer e por isso pusemo-nos uma vez mais a caminho.
O caminho segue aos ziguezagues por meio de milhares de rochas soltas, e que rochas! Nestas ocasiões vou sempre a olhar para o chão á cata de alguma coisa que possa ser interessante, desta vez tive sorte. Os xistos que eu pensava serem mosqueados não eram xistos mosqueados mas sim micaxistos com granadas! Trouxe 2 exemplares de media qualidade, pequenos para não pesarem muito.
A fim de três horas de subida chegámos por fim ao pico Mulhacén.
Não vou alongar-me nos porquês de gostar da montanha, mas uma das razões é sem duvida o sentimento de conseguir alcançar um objectivo, e quanto mais difícil mais saboroso é. Tínhamos saído da cota 1530 e alcançámos os
Mas era altura de voltar para trás, após um período de indecisão optou-se por fazer o caminho inverso e não pernoitar no refúgio da poqueira. Assim, começamos a descer, paramos mais uma vez nas 7 lagunas para mais massa instantânea e descemos o resto até trévelez, mas a dada altura as minhas pernas começaram a fraquejar e depois o joelho, parei e tive de despejar as pedras que tinha na mochila, um quartzito enorme mas muito pesado. Descemos depressa demais e o meu joelho esquerdo ressentiu-se muito, à chegada à vila parecia um aleijado. Foi com grande esforço que me arrastei até ao parque de campismo, ainda faltava montar a tenda e tomar banho. Depois de tudo isto feito sentei-me no carro e liguei o rádio, a música era passing cloud de Stephan Micus. Desde há muito tempo que não tinha um momento tão chill out.
Fomos jantar, discutimos o sistema educativo japonês e não havia forças para mais…